sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Ódiacho

Lagos.

Depois de um repasto suculento nesta antiga cidade de marinheiros e séculos de história, surge no carro, um chorrilho de gargalhadas, que não é frequente acontecer.

Chorámos a rir. Até às  lágrimas.

Os três. Eu, neta e avô .

Odiáxere! Ódiacho!

Fonia semelhante que deu aso a tamanho disparate que mal podíamos  acreditar e dificilmente explicar.

Ao lado e à distância, com admiração e atitude ostensiva, erguia-se uma frente de fogo que, ainda assim, não nos fazia calar e nos ouvia indiferente.

As nossas gargalhadas soltavam-se quais labaredas a avançar encosta abaixo.

Constantes. Rápidas. Sonoras.

Altas. Crepitantes. Ameaçadoras.

O fogo fazia parar a vida na Serra de Monchique.

O contentamento quase nos fazia parar na estrada, sendo que, por distração absoluta, nos enganámos na saída.

Aí, a brincadeira ficou um pouco comprometida. Rápido voltámos ao caminho certo e procurámos o rumo do hotel.

À chegada e porque a noite prometia festa, fomos ouvir um pouco de música.

Fraca, incipiente. Pimba internacional.

Não conseguia agitar os nossos corações que ainda se encontravam cheios de calor, nem apaziguar as nossas barrigas que ainda se encontravam doridas de tanto riso.
As bocas, essas, descoloridas pelo fumo cinzento que se fazia chegar à cidade, abriam-se e fechavam-se pelo sono que não tardou em surpreender-nos.

4 comentários:

  1. Ódiacho, o que vale é que a velocidade do carro a passar por Odiáxere é de 50 km! É que com tanto riso poderia ter havido um ligeiro acidente.

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    1. Pois é verdade mas olha que às vezes passamos os limites do que é razoável!

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  2. Ui, era o diabo à solta, que vos possuiu momentaneamente e vos encharcou de risos!! ;)

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    1. Era mesmo a nossa boa disposição à tona d'agua.
      O diabo andava por lá não se deixava ver.
      Foi, de facto, hilariante.
      Momentos destes há poucos!!!

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