quinta-feira, 31 de agosto de 2017

... de viagem

Num Portugal profundo
Onde afinal
Tudo e nada tem nome
Ergue-se a minha voz
Entranha-se o meu suspiro
Ecoa o meu silêncio
Até que alguém me encontre

quarta-feira, 30 de agosto de 2017

... de viagem

Sobreiros velhos
Curvados sobre si
Choram a mágoa
Encobrem a vergonha
Do abandono de décadas

terça-feira, 29 de agosto de 2017

... de viagem

Para lá do Tejo
Fica um coração triste
Sombrio
À espera que a brancura da espuma
Lhe leve um pouco de ternura

domingo, 20 de agosto de 2017

Amor

Beija-me amor
Todos os cantos do corpo
Brilhante de suor imenso
Antes que o vento me corte os ossos
Incessantemente
Até à dificil resistência
Que sozinha existe dentro de mim

sábado, 19 de agosto de 2017

Ontem

No esplendor da madrugada, sinto uma mão que me acorda da quase hibernação.
Qual arauto a proclamar uma nova mensagem.
Na semi-obscuridade ergo-me solene e calmanente, ainda meia anestesiada.
Agarro, quase às cegas, uma manta.
Vou cobrir a criança que, diante de mim, sorrateiramente reclama calor.
Sinto, na verdade, que a noite está fria.
Que a terra solitária está,  cada vez, mais árida.
Que o vento do Inverno, se embrulha assustadoramente no Verão.
Inclemente,  sem dó nem piedade.
Enquanto a criança  quer despontar mulher!

sábado, 5 de agosto de 2017

Monotonia

Ainda agora acordei
Cansada do que não fiz
Apenas ouço o canto do passarinho
Que sózinho debica a relva
À procura de comida

Espreito horas paradas
Nos dias vazios
À espera que a noite de orvalho
Dê  lugar ao dia de sol

Esperança doce e singela
De uma manhã sombria
Onde nada se vislumbra
Inebriante






sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Céu

Subo com dificuldade
Erecta
Até ao cume

Atinjo o céu
Tacteio as nuvens
Construo esperanças e valores

Penso que pouco me falta para fazer poesia
Olho p'ra baixo  na busca das palavras
E apenas encontro o ar em que se perdem