domingo, 29 de outubro de 2017

Oeste

Jovens e Peras

Subindo de árvore em árvore
Comendo à sombra mal plantada de um qualquer pomar
Bebendo água morna de um qualquer receptáculo mal lavado
Mãos  braços e pernas repletos de arranhões taciturnos
Que mal chegam a ser desenhos

Assim se fazem oito ou mais horas de trabalho mal pago
Com uma geração nova e intelectual
Num Oeste caduco e desertificado
Onde a vida e a morte acontecem
Sem sintoma nem sobressalto



                                       

sexta-feira, 13 de outubro de 2017

A-dos-Ruivos

Nos altos da aldeia
O moinho do Toneca
Tratato e erecto
Estende as velas brancas
Acenando ao vento brando

Os visitantes
Quedam-se lá
Tentando enlear os sonhos
Nos mastros alados
Que pouco se mexem
À sua chegada

Quando os ventos sopram fortes
Fantasiados com o pó da terra
Transformam o sonho em vida
A promessa em acontecimento
E o moinho em desejo

O mito renasce a cada visita aos altos da aldeia
E o tempo voa por entre as velas do moinho do Toneca
Numa viagem eterna e constante
Sem sair do sítio