segunda-feira, 18 de maio de 2020

Bebo


Para esquecer o olhar
Que há muito não vejo

Para adoçar a boca
Que há muito não beija

Para esvaziar a mente
Que há muito não sonha

Para iludir a alma
Que há muito não ama

Para dar de beber à dor
Que há muito me dói

Para ouvir o silêncio
Que há muito me ensurdece

Para apagar a luz
Que há muito me cega

Para esquecer que me embebedo
Bebo



1 comentário:

  1. Para uma abstémia como tu, a bebedeira de que falas é um paradigma da metáfora poética. Continua a beber ou, se preferires, escreve até esvaziares a garrafa.

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