sexta-feira, 30 de junho de 2017

Sinais

Não é bom sinal, quando se ouvem sinais na minha aldeia.
Morreu alguém!
Corre-se ao Café da Rosárita ou à vizinha mais chegada.
Para saber quem se finou.
Mas a aldeia está deserta.
Ninguém num horizonte próximo.
Apenas se ouve o vento, como se não houvesse fim.
Apenas se vê a sombra dos que partiram e dos que não existem.
Os matizes bucólicos projectam-se em três dimensões no campo aberto, até ao Montejunto.
Toca o sino na minha aldeia.
Uma realidade semi-imaginada, carregada de dramatismo metálico.
Então, vela-se o corpo, reza-se a missa, enterra-se o personagem.


2 comentários:

  1. A-dos-Ruivos, como a maioria das aldeias portuguesas, desertifica-se. E esta nem sequer se situa no Portugal profundo, do interior. Fica perto do mar e produz muito vinho e Pera Rocha. E solidão, claro. Quando morrer o último morador, quem é que o vai enterrar?

    ResponderEliminar