segunda-feira, 8 de abril de 2019

Adormeço

Chove lá fora
O vento assobia
O frio corta os lábios
No cieiro disfarçado

Cá dentro
A lareira acesa
As paredes com rachas
Enchem-se de calor

Em cima da mesa
Indiferente
Miguel Torga vê a criação do mundo
Com a patine dos anos

Fecho o portátil
Embrulho-me nas labaredas
Em dança de ventre
Sensual
Apetecida

Os olhos ensonados
Meio abertos meio fechados
Anseiam a visita do gato
Em passadas largas no telhado
Junto ao fumeiro

Adormeço

6 comentários:

  1. Também nós vemos a criação do mundo com espanto, incessantemente perguntamos para que serve tudo isto, mesmo que um gato, de preferência preto, indiferentemente, passeie nos telhados da nossa insónia.

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    1. Serve para muito pouco; mesmo que um gato preto se enrosque em nós, até à noite em que a insónia se esconda com medo!

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  2. Respostas
    1. Temos que aguentar o Inverno que se atrasou a apanhar o
      Inter-Cidades!😉

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  3. Só os poetas sabem transformar a banalidade em momentos de encantamento e magia.
    E Miguel Torga é sempre uma excelente companhia!

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