terça-feira, 4 de abril de 2017

Rua Maria da Nazaré

A árvore ao topo da Rua Maria da Nazaré , na minha aldeia, cheia de luz e de cor, vigia-me os passos.
Silenciosamente.
Rua abaixo, rua acima, quando por ali ando.
Invento passeios, crio dificuldades e lá vou caminhando com passadas, por vezes, trôpegas.
Sempre com o objectivo firme de melhorar.
Mais e mais.

Mas aquela rua também conta com a presença de casas velhas e sinistras.
Abandonadas. Em ruínas.
Onde os pássaros fazem ninhos.
Onde os gatos comem restos.
Onde os ratos entram e saem, sem pedir licença.
Onde as ervas daninhas sobem infestantes, parede a pique, na empena cega da casa de minha mãe.

Mas a árvore, agora no seu esplendor máximo, é mais forte que tudo o resto.
Vigia-me, protege-me, tão sómente. No alto do seu poder.
Não me amedronta.
Oferece-me um festival e proliferação de flor, inigualável!
Oferece-me um conjunto de aromas, semelhantes aos que se desfrutam em aprazíveis e bem cuidados jardins.
Valoriza a minha passagem e cumprimenta o meu pensamento.
Acessível a todos que a olham e lhe tocam, permanece no seu lugar cativo, há anos e anos.

Tantos, que já lhes perdi a conta!

2 comentários:

  1. A tua rua tem o teu nome e a tua árvore séculos de flores que se renovam para morrer a teus pés; enquanto florir não precisas de lhe saber a idade.

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    1. Acredita que gostaria que ela me pudesse responder às minhas questões mais profundas.
      Até às existenciais!
      Passava para segundo plano a sua idade.
      Talvez ela não a queira dizer!!!

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