Manhã
Chove na cidade
Rapaz atento e curioso
Repara num chapéu azul de aba larga
Pára com espanto
Observa com graça
Balbucia
" mas não é quinta-feira "
Galanteado e ufano
O artefacto incha
De importância
Molhado pela chuva abençoada
Afogado na mochila de papéis
Apressado para a escola
Olha mais uma vez
De soslaio
No cimo da rampa
Entre palavras furtivas
Costas viradas
Acena para o portão e diz
" ainda não é Halloween! "
segunda-feira, 28 de outubro de 2019
quarta-feira, 9 de outubro de 2019
Espera ...
Sentava-me no banco, à espera que ele chegasse...
Amava e odiava aquela espera, que me ensinava algo e não me deixava indiferente.
Reunia palavras para lhe dizer.
As mãos molhadas de suor nervoso, limpava-as nos " jeans ".
Eis que, como sempre, aparecia afogueado, o rosto também molhado de emoção.
O atraso e a cor rubra, davam-lhe uma surpreendente beleza.
Olhávamos um para o outro, de amor pueril.
Balbuciávamos algumas palavras.
Defendíamos a espera e/ou atraso, com idéias imortais.
Juntávamos os factos, as mãos, os rostos.
O nosso suor parecia água a sair da bica da fonte.
Discutíamos pontos de vista.
Oferecíamo-nos ingenuamente e tentávamos encontrar caminho, verdade, vida, futuro ...
No ano seguinte, quando as andorinhas voltavam, já não me sentava naquele banco ...
Ele também já não ia a correr, atrasado, ao meu encontro.
A rotina da vida tinha-nos afastado.
Quando nos cruzávamos na aldeia, adultos, falávamos daqueles episódios com saudade.
Por fim, ríamo-nos muito.
Hoje, somos amigos.
Nunca mais voltou a ânsia de nos querermos, como dantes.
Crescemos ...
Aprendemos ...
Quando me sento naquele banco, sózinha, recuo no tempo de forma lúdica, com alguma irreverência.
Despretensiosamente, recordo o passado.
Entro pela porta grande no futuro .
Amava e odiava aquela espera, que me ensinava algo e não me deixava indiferente.
Reunia palavras para lhe dizer.
As mãos molhadas de suor nervoso, limpava-as nos " jeans ".
Eis que, como sempre, aparecia afogueado, o rosto também molhado de emoção.
O atraso e a cor rubra, davam-lhe uma surpreendente beleza.
Olhávamos um para o outro, de amor pueril.
Balbuciávamos algumas palavras.
Defendíamos a espera e/ou atraso, com idéias imortais.
Juntávamos os factos, as mãos, os rostos.
O nosso suor parecia água a sair da bica da fonte.
Discutíamos pontos de vista.
Oferecíamo-nos ingenuamente e tentávamos encontrar caminho, verdade, vida, futuro ...
No ano seguinte, quando as andorinhas voltavam, já não me sentava naquele banco ...
Ele também já não ia a correr, atrasado, ao meu encontro.
A rotina da vida tinha-nos afastado.
Quando nos cruzávamos na aldeia, adultos, falávamos daqueles episódios com saudade.
Por fim, ríamo-nos muito.
Hoje, somos amigos.
Nunca mais voltou a ânsia de nos querermos, como dantes.
Crescemos ...
Aprendemos ...
Quando me sento naquele banco, sózinha, recuo no tempo de forma lúdica, com alguma irreverência.
Despretensiosamente, recordo o passado.
Entro pela porta grande no futuro .
Subscrever:
Mensagens (Atom)