Alguém me esperava com ansiedade e expectativa.
Não ouvi o sinal.
Não li a mensagem.
Por quê?
Porque aquele objecto louco e moderno, que nos leva a situações diabólicas e conturbadas, neste caso, tinha sido necessário.
Mas ela estava lá.
Sozinha, encostada numa rústica vedação de madeira.
De telemóvel em punho, ansiava por um rosto que não aparecia. O meu.
Com os meus níveis de adrenalina em cima, cheguei.
A par do suposto atraso, levantava-se a dúvida de que os relógios pudessem não estar em sintonia.
Estariam?
Ou seria mesmo o meu atraso motivado pelo drama que é o trânsito das nossas vidas?
Aquele ar angelical, de caracóis rebeldes, deixava-me sempre esfuziante mas depressa se desvaneceu o sorriso.
Faltava o saco do equipamento da dança.
Caminhámos para a esquerda, para baixo.
Para cima, para a direita. Escadas e mais alcatrão.
Ali, sem trânsito, com as ruas quase desertas, encontrámos algo no chão que a mim me pareceu uma pedra.
Era um blusão.
Preto, perdido no meio do nada, chorando o fim que lhe coubera em sorte.
O esquecimento.
Mas ela, olhando-o com um laivo de ternura, agachou-se, acariciou-o e pegou-lhe sem palavras.
Ficaria ali à espera que alguém o colocasse no lixo ou, por mero acaso, nos perdidos e achados.
Contentes, já com o saco na mão, encaminhámo-nos para a saída onde, um avô amuado, nos esperava no carro.
Terminámos o nosso fim de tarde perspectivando um lanche, conversando de tudo um pouco, inventando temas e baralhando palavras.
E os nossos corações, apaziguados, sorriam ao diálogo que lesto se mantinha entre nós :
"... mas afinal porque é que nunca mais chegavas? "
Avô sofre!
ResponderEliminarTem lá paciência amor, a vida é mesmo assim!
EliminarAmuado ou não és o maior!!!
Avó e avô alegram as vidas :-)
ResponderEliminarTão querida. Adoro-te!
EliminarTão bom estes pequenos momentos!
ResponderEliminarEstes pequenos momentos, mesmo com alguma preocupação pelo meio, fazem a vida mais cor de rosa!
EliminarDito assim, um qualquer dia de rotina, parece um capítulo de um livro extraordinário! Fica a vontade de ler a próxima página! Acho que está na hora de começar a escrever um livro.
ResponderEliminarTens razão.
EliminarQuando nos despojamos de pudores e passamos para o papel as intranquilidades das nossas rotinas, então podemos dizer que estamos a escrever um livro maravilhoso. O das nossas vidas.
Resta saber se há coragem e sabedoria para o fazer!?!?!?